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terça-feira, 15 de março de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 53. MARIA MADALENA REENCONTRA O SEU AMADO

JESUS, AMOR & FÉ *

53. MARIA MADALENA REENCONTRA O SEU AMADO

“Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios.” (Mr. 16:9)
Findo o ritual da Páscoa no por de sol do sábado, iniciou-se a noite do primeiro dia da semana *(Domingo), quando então pouco antes do amanhecer o Arcanjo Miguel em todo seu poder divino, retornou aonde se encontrava o corpo que o revestira durante a sua passagem terrena entre os seres humanos na Terra Santa dos judeus, e então, quando o primeiro raio de sol atravessou a escuridão, ele se deitou sobre o cadáver de Jesus e o revestiu com o seu corpo espiritual angélico, restaurando-o com vida, saúde e vitalidade com o seu Santo Espírito. E sendo dois seres novamente tornaram-se um, era agora o Salvador da Humanidade, conhecido pelo nome terreno de Jesus, que quer dizer em hebreu: Deus é a Salvação.
Revestido com sua forma angélica celestial como se esta fosse uma armadura, Jesus despertou e retirou o sudário com que haviam envolvido seu cadáver e dobrou os panos com cuidado ao seu lado, os que o ligara no chão e o sudário em cima do túmulo. Depois, vestiu-se com as roupas limpas que havia trazido consigo do reino celestial para que seu corpo físico ficasse protegido de contaminações com as impurezas terrenas, até que estivesse inteiramente adequado à sua nova condição física. Pois, se antes o seu corpo espiritual era revestido da carne, agora, após a sua morte, se dava ao contrário, era o corpo celestial do seu Espírito Santo que revestia a carne e lhe dava vida.
Maria de Magdala *(Madalena) saíra antes mesmo do raiar do sol de sua casa na Betânia, atravessara o Jardim das Oliveiras e já se aproximava do Horto onde estava o sepulcro de Jesus, e levava, mirra, perfumes e flores com ela. Estava ela indo pelo caminho e pensava se teria alguém que pudesse remover a pedra pesada do sepulcro e ela não teria forças para a mover sozinha. E estando próxima já do sepulcro eis que houve um violento tremor de terra, e ela viu um anjo do Senhor descer do céu, e logo depois a pedra foi rolada e de dentro do túmulo surgiu um ser que resplandecia como um relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. Maria caiu de joelhos no chão e viu ao longe os guardas dos sacerdotes morrendo de pavor saírem correndo dali.
Maria continuou prostrada e chorava sem parar, pois não conseguia conter as suas lágrimas que brotavam de seus olhos continuamente como se fossem fonte de água viva. Então, mesmo chorando reuniu suas forças, levantou-se e apoiando-se em uma das paredes da entrada inclinou-se para olhar para dentro do sepulcro. E viu dois anjos sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E, eles perguntaram para ela:
- Mulher, por que choras?
Maria de Magdala respondeu:
- Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram…
E enquanto falava com eles suas lágrimas continuavam caindo abundantes por sua face sem que pudesse as conter, mas acabara de dizer essas palavras aos anjos e viu atrás de si um homem em pé, que perguntou a ela:
- Mulher, por que choras? A quem procuras?
Maria de Magdala pensando que fosse o jardineiro do Horto, disse ao homem com zanga em sua voz apesar das lágrimas que não conseguia controlar:
- Senhor, se tu o tiraste de mim, diz-me onde o puseste, e eu o irei buscar!
E, assim falava porque estava certa que tinham levado o corpo de Jesus embora do sepulcro, pois o sepulcro não era propriamente dele, pois seu amigo José de Arimatéia tinha cedido o próprio túmulo provisoriamente, porque era véspera da Páscoa, e o corpo de Jesus deveria ser transladado para o seu próprio túmulo definitivo, que ela desejava que fosse aquele da família dela, onde Lázaro tinha sido sepultado e de onde Jesus o tinha ressuscitado. Portanto, Maria de Magdala temia que os discípulos e os irmãos de Jesus tivessem levado corpo dele embora, sem nem mesmo falarem com ela, ou mesmo com a mãe de Jesus que estava hospedada em sua casa, com outras parentes.
Vendo a aflição que Maria de Magdala se encontrava por causa do homem a quem tanto amava, o estranho que falava com ela, que não era outro senão Jesus, se dando conta que ela não o reconhecia em seu novo estado, chamou-a pelo nome com todo carinho, da maneira que sempre a chamara:
- Amada Maria!
E tomada de um susto imenso ela voltou seu rosto para olhar no rosto dele e disse sob forte emoção ao reconhecer as feições do homem amado:
- Ó Mestre!
E já estava pronta para abraçá-lo cheia de amor e saudades, mas Jesus a impediu dizendo:
- Não me toques! Ainda estou me refazendo da ressurreição.
Logo Maria se afastou dele, recordando como seu irmão ficara após ter sido ressuscitado por Jesus, tendo dificuldade para se livrar inteiramente da condição mortal para restabelecer seu estado de vivente. E sabia que o mesmo poderia estar acontecendo com Jesus. Assim deu um passo atrás e sentou-se numa pedra para restabelecer seu ânimo, duplamente abalado tanto pela emoção de não ter encontrado o corpo de Jesus como por vê-lo redivivo na sua frente, como se jamais tivesse morrido.
Jesus então disse a Maria de Magdala:
- Amada, sabes que eu te amo mais do que amei a qualquer um nessa terra. Esclarecerei a vós o que está oculto.
Então ela tomou coragem e perguntou a Jesus, pois não entendia o que estava acontecendo:
- Mestre apareceste-me hoje numa visão ou é realidade?
Jesus respondeu a ela:
- Bem-aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente há um tesouro.
Perguntou-lhe ainda ela:
- Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou como espírito?
Jesus respondeu e disse:
- Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a sua consciência, que está entre ambos - assim é que tem a visão. Mas, tu me viste, não é visão, mas, sim, a realidade. (inspirado em trechos do Evangelho de Maria de Magdala - Codex Akhmim - século III, descoberto em 1955, tradução de M. Tradieu, in Écrits Gnostiques, Paris, 1984)
Então Jesus prosseguiu explicando o que lhe acontecera a Maria de Magdala que o ouvia atentamente:
- Como se portou o Senhor? Quando estava na carne e depois de ter se revelado como filho de Deus, circulou por esse lugar onde habitais, falando da lei da natureza, quero dizer da morte. Já esse que tu vês, o Salvador, esse assumiu a morte - tu não deves permanecer na ignorância disso - porque abandonou o mundo perecível trocando-o pelo reino de Deus imperecível, e veio e ressuscitou. Tendo assumido o visível pelo invisível , apresentando o caminho da imortalidade. Nós nos manifestamos neste mundo, nos revestimos da carne, nós somos como os raios de sol, somos retidos pelo corpo que nos reveste até o nosso crepúsculo, isto é, nossa morte nessa vida. Depois, nós somos atraídos ao céu por ele como os raios de sol, não sendo mais retidos por nada, somos arrebatados. Essa é a ressurreição espiritual, que absorve a psíquica tanto quanto a carnal. Maria, minha amada, é mais uma questão de fé. Mas, se existe alguém que não crê, essa pessoa não pode ser persuadida, pois a questão pertence ao domínio da fé, e não ao domínio da persuasão: aquele que morreu ressuscitará. Assim, não duvides em seu coração da ressurreição, Maria. Com efeito, se tu não pré existisse antes da carne e tu te revestiste de carne, por que não poderias tu revestir a carne de quem eras na tua pré existência? Aquilo que é destinado à carne é para ela causa da Vida. A ressurreição não é ilusão, mas a Verdade. Assim, é pois a ressurreição a revelação do que é a mutação das coisas e uma transformação, é a luz da incorruptibilidade que se derrama sobre a corrupção, absorvendo-a tornando-a perfeita e sem deficiência. *(trecho retirado do “Tratado sobre a Ressurreição” - documento I,4 de Nag Hammadi, Egito/1946, tradução de J.E. Ménard, 1983).
Depois de explicar estas coisas para Maria de Magdala, ordenou Jesus a Maria de Magdala:
- Agora vá e dê a boa nova à minha mãe. Diga que ressuscitei e que logo estarei entre eles.
  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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