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domingo, 29 de novembro de 2015

JESUS, FÉ & AMOR - 22. NICODEMUS: QUEM ÉS TU, JESUS?

JESUS, AMOR & FÉ *

22. NICODEMUS: QUEM ÉS TU JESUS? 

Foi nas proximidade de Cafarnaum, que Jesus pronunciou o seu eletrizante sermão da montanha, dirigindo suas palavras à multidão que ali acorrera desejosa de ver, ouvir e ser curada por ele. Havia um homem que ali estava entre os fariseus, o qual chamava-se Nicodemus Ben Gurion *(historiadores contemporâneos identificam-no com essa proeminente figura da sociedade de Jerusalém, mencionado no Talmud), príncipe dos judeus, membro do Sinédrio - o Conselho supremo que regia a sociedade teocrata judáica. Ao cair daquela noite quente de verão, Nicodemus procurou em segredo o seu amigo João, discípulo e primo de Jesus, pedindo para ser conduzido à presença do novo rabi e pudesse ter uma conversar  em particular com ele. Nicodemus subiu ao terraço da casa da sogra de Pedro, onde Jesus estava hospedado e ao se aproximar de Jesus, ele fez uma reverência e o saudou:
- Rabi Jesus filho de José (Yeshua Ben Joseph) sabemos que um mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele.
- Em verdade, te digo, quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus. - respondeu Jesus a Nicodemus, que ao ouvir isso sentiu-se entristecido no coração e perguntou a Jesus:
- Como pode um homem renascer sendo velho? Por ventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer uma segunda vez?
Ouvindo essas palavras Jesus sorriu, pois via que Nicodemus só compreendia as coisas da carne e disse-lhe com carinho, como  se falasse a uma criança:
- Em verdade, te digo, quem não renascer do batismo da água e do batismo do fogo do Espírito Santo não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne. E, o que nasceu do Espírito é espirito. Não te maravilhes pois que eu tenha te dito: Necessário a ti é nascer de novo. Eu não disse que era necessário renascer na carne outra vez, mas sim seria preciso nascer de novo, mas espiritualmente. O vento *(sopro vital, lembram-se?) sopra onde quer; ouve-lhe o ruído *(da respiração), mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito Santo de Deus.
*(Pois, Deus é vida e vive no agora - pois a vida se manifesta no presente, não se sabe se vai se estar vivo no momento seguinte -, tal como Deus dissera a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU/ou É”. E mandou Moisés dizer aos israelitas: "Aquele que se chama EU SOU, envia-me junto de vós (…) é JAVÉ, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacó que me envia junto de vós. - Este é o meu nome para sempre e é assim que me chamarão de geração em geração” Êxodo 3:13-14).
Espantado com o que Jesus lhe dizia, Nicodemus perguntou:
- Mas, como se pode fazer isso? Nascer do Espírito?
Mais uma vez Jesus sorriu para Nicodemus, agora com os olhos faiscantes e disse com fina ironia:
- Tu és doutor em Israel e ignoras essas coisas? Em verdade te digo, nós “profetas” falamos do que sabemos e damos testemunhas do que vimos, mas vós sacerdotes e fariseus não recebeis o nosso testemunho. Falo a vós das coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar das coisas celestiais!” (Jo 3:1-12).
Essa passagem expõe a grandiosa dificuldade que tinham os sacerdotes do Templo, os fariseus e os saduceus, os sábios e os letrados de compreenderem a doutrina que Jesus ensinava, pois estavam presos a uma concepção racional própria e distorcida pelas ambições materiais e políticas da Lei legada a eles por Moisés. Pouco ou nada consideravam a evolução do pensamento religioso apresentada em outros textos sagrados, sobremaneira os textos dos profetas, os quais eram ignorados em seus preceitos e sendo só levado em consideração no que dizia respeito a uma profecia, que continha uma promessa de Deus de dar glória futura inigualável ao povo judeu, com a restauração de um ainda mais poderoso Reino de Israel pelas mãos de um rei divino descendente do rei Davi, ao qual chamavam de Messias, que superaria em poder todos os reis antes dele, seria o rei dos reis, sendo ainda mais poderoso que o mais poderoso rei que já existira até então, o imperador romano Augusto Cesar, que pelo ponto de vista judeu fora falsamente divinizado e dito “Filho de Deus”, uma blasfêmia para os judeus que se consideravam e se diziam ser os “filhos de Deus”.
Essa crença distorcida sobre o Messias e o seu papel seria a causa de fatos trágicos que atingiriam à Jesus e depois ao povo judeu. A incompreensão das coisas celestiais pelos judeus, o fato de limitá-las a um entendimento unicamente materialista e por demais subjetivo, inteiramente restrito apenas ao povo judeu desconsiderando o resto da Humanidade e promovendo um sentimento raivoso de discriminação teria consequências lamentáveis para todos, que transcenderiam tempo e lugar até os dias de hoje. 
Os sacerdotes e rabis dos judeus naquele tempo eram como fazendeiros que tinham guardado as sementes no celeiro e na época da semeadura, só semeavam no próprio terreno e tendo mais sementes do que eram capazes de semear não vendiam e nem compartilhavam o excesso das sementes com ninguém e deixavam elas apodrecendo sem que tivessem serventia nenhuma para ninguém.  Destarte, que vendo isso Deus jogou uma enorme pedra sobre o celeiro e o destruiu, espalhando todas as sementes para todos os lados para que outros a pudessem plantar e dessem mais frutos e a colheita fosse abundante. Assim, a tragédia de Jesus, não só anunciava o porvir do povo judeu predito séculos antes pelos profetas, como também entrelaçou a ambos num destino comum para a gloria de toda a Humanidade.
Por causa da falta de um correto entendimento das coisas divinas, era natural que Nicodemus ficasse tomado de perplexidade e buscasse elucidar suas dúvidas, de modo que usando de bons modos fez mais uma reverência a Jesus e perguntou-lhe:
- Nós temos ouvido vozes e nada entendemos, nós vemos sinais e não sabemos interpretá-los corretamente. Agora, diga-nos por qual ordem és tu, tu és aquele que nos foi prometido ou temos nós que esperar por outro? Se tu és aquele que nos será dado, diga-nos, não esconda isso de nós, não temos mais forças para esperar. Mas, nos dê um sinal de que Deus que Deus enviou a ti para nós, e nós vamos nos jogar aos seus pés e seguiremos o teu conhecimento, ao teu comando obedeceremos, pois tu é o esperado de Israel.
Jesus ao ouvi-lo respondeu-lhe com uma certa severidade na voz, momentaneamente sem a sua suavidade costumeira:
- Quando anoitece se diz: o dia será bom porque o céu está avermelhado. Na manhã se diz: Hoje vai chover, porque o céu está cinza e pesado de nuvens. Os sinais dos céus se conhece e se interpreta, mas sobre os sinais da terra não sabem nada! Uma má e adúltera geração que deseja um sinal, mas nenhum sinal será dado!!
Vendo que havia perdido a boa vontade de Jesus, Nicodemus fez uma nova reverencia a Jesus e arguiu:
- Como nós podemos acreditar em tua doutrina e o seguir sem que nos seja dado um sinal? Eis que nós somos regidos por leis e mandamentos que Moisés, nosso mestre nos ensinou e deu para nós; e ele nos mostrou como deveríamos nos portar quando um profeta aparecesse entre nós. *(Deuteronômio 18:17-22: O Senhor disse a Moisés "… Eu lhes suscitarei um profeta como tu entre seus irmãos… se  o que ele disser não se realizar, é que essa palavra não é do Senhor. O profeta falou presunçosamente. Não o temas.”)
Mas Jesus respondeu:
- Aquele que acredita em mim possuirá o mundo a vida eterna, por que eu sou o pão e a vida.
Mas, Nicodemus tornando-se perplexo com o que ouvira, tornou-se pálido, e meditativo. Então ele fez nova reverência e falou:
- Moisés também veio à nós. E ele não nos pediu para que acreditássemos nele propriamente, mas apenas em Deus, que o enviara, e nas leis e nos mandamentos de Deus. Da mesma maneira os profetas vieram a nós, e eles não nos pediram para acreditar neles, mas em Deus que os enviara para que eles pudessem nos ajudar e socorrer. É a sua doutrina maior do que a de Abraão ou ainda mais além que a de Moisés, e de todos os profetas, que pediram para nós acreditarmos em Deus e não neles mesmos?
E Jesus respondeu:
- Você tem em suas mãos um fragmento do saber, eu sou a totalidade da sabedoria, eu sou um novo conhecimento que o Senhor criou.
Nicodemus quanto mais ouvia ainda menos entendia e assim mais perguntava:
- Como nós poderemos entender tuas palavras, Rabi?
E Jesus impaciente disse a ele;
- Não se coloca remendo novo em pano velho para que não rompa, nem vinho novo em vasilhame velho, não é verdade?
E Nicodemus cada vez mais angustiado perguntava:
- É por tua causa que te pedimos um sinal, por que se nos trazes algo de novo que as gerações passadas não conheciam, nós precisamos ter segurança em nossas mãos, que a sua doutrina é aquela que nos foi prometida e tua autoridade é do Céu.
Mas, Jesus, ficou transtornado e impaciente ao ouvir isso e com voz mais dura ainda respondeu:
- Malditos os que colocam suas almas sobre os túmulos dos profetas cujos seus parentes assassinaram! Se estes prodígios que faço tivessem sido feitos em Tiro ou Sidon …
- Mas, os de Tiro e de Sidon não receberam de Deus uma Lei nem mandamentos para obedecerem como nós, eles não devem obediência ao Torá de Moisés (Pentateuco) ! Mas anos foi dado o Torá e nós dissemos: ‘Seremos fiéis e obedeceremos.’ Como poderemos nós ir contra o Torá?
Jesus respondeu rispidamente:
- Como Moisés levantou a serpente no deserto, *(Num. 4-8 : “… Fazes para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido olhando para ela será curado.” É preciso recordar que o deus grego da medicina Esculápio também portava um bastão com uma serpente, e suas habilidades eram tais que era capaz de trazer pacientes mortos de volta à vida), assim deverá ser levantado o Filho do homem *(O HOMEM, Adão, o Filho de Deus, perdoado por Deus em Noé, por isso Jesus se refere ao seu estado carnal como o Filho do Homem, pois sendo o próprio Deus se fez Homem), para que todo o que crer nele tenha a vida eterna. *(Eis aqui a origem da adoração da cruz pelos cristãos, para serem curados e salvos da morte). Ninguém subiu ao céu senão aquele que desce do céu, o Filho do homem que está no céu. COM EFEITO, DE TAL MODO DEUS AMOU O MUNDO, QUE LHE DEU SEU FILHO ÚNICO, PARA QUE TODO O QUE NELE CRER NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA. POIS DEUS NÃO ENVIOU O FILHO AO MUNDO PARA CONDENÁ-LO, MAS PARA QUE O MUNDO SEJA SALVO POR ELE. QUEM NELE CRÊ NÃO É JULGADO; MAS QUEM NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO, PORQUE NÃO CRÊ NO NOME DO FILHO ÚNICO DE DEUS. Ora, esse é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas, aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus. (Jo 3:13-21)
Nicodemus com o coração entristecido disse a Jesus:
- Muitas palavras ouvi de ti, que encheu meu coração de esperança. Mas continuo sem conseguir ver o caminho, pois parece altamente distante de nós, de nossa tradição… Eu desejo aprender contigo, pois muito esperei por ti. Me ensina Rabi! Eu quero a minha redenção! Rabi eu te peço, que me conte, quão longe pode ir a fé?
Jesus apiedado por Nicodemus enterneceu seu coração e lhe disse:
- Não há limites para a fé, Nicodemus. Fé é a corda que a pessoa segura em suas mãos ainda que desça ao mais infame dos infernos. A fé vai com ela a beira do tumba e a acompanha além. Não deste atenção ao que o rei Davi escreveu: “Ainda que eu ande no vale da sombra da morte, eu não temerei nenhum mal, porque eu sei que tu estás comigo” (Sl. 22;4)? Se tu acreditas em mim, então EU SOU AQUELE QUE EU SOU, ou, ainda, eu sou quem tu desejas que eu seja. Nicodemus, o Reino de Deus não está aqui, e não está em outro lugar, e ele não pode ser compreendido com os olhos e a mente, mas está em seu coração! Eu vim para trazer a redenção que não conhece limites, nem fronteiras de terras ou mares, mas cobrirá toda o mundo com o espírito de Deus, e nenhuma carne ou sangue pode tirar a fé de ti, porque está dentro de ti.
Nicodemus recuperando seu bom animo respondeu a Jesus:
- Feliz os ouvidos que receberam essas palavras! Porque o profeta *(Isaías) também tinha profetizado: “Eu o Senhor, chamei-te realmente, eu te segurei pela mão, eu te formei e designei para seres a aliança com os povos,a luz das nações. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas. Eu sou o Senhor, esse é o meu nome e a ninguém cederei a minha glória.” (Is.42: 6-9) E profetizou também dizendo “Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel, VOU FAZER DE TI A LUZ DAS NAÇÕES PARA PROPAGAR A MINHA SALVAÇÃO ATÉ OS CONFINS DO MUNDO.” (Is.49:6) Mas, Rabi, onde estavam as trombetas do seu mensageiro que anunciariam a tua chegada, que nós não a ouvimos? Será que nós fechamos nossos corações  às alegrias do mundo, a ponto de nos tornamos insensíveis aos chamados de Deus? Nosso sofrimento tem sido tanto que nós somos aqueles que já pagamos o preço por inteiro por essa dádiva de Deus, de nos dar a nossa redenção!
Jesus derramou seu olhar cheio de compaixão sobre Nicodemus e disse:
- Nicodemus, Nicodemus, não meça a Deus com a medida humana! A redenção não é “comprada” ela é “dada gratuitamente”, e recebida em troca de nada, foi uma dádiva dada pelo nosso Pai celestial, que escolheu entre todas as suas criaturas, dá-la ao Homem. Antes que a terra fosse criada, antes que ela fosse modelada e enviada ao espaço, essa dádiva estava com Ele nos céus. Por amor a essa dádiva ele criou o mundo e agora envia o seu Filho ao mundo. Nenhum preço pode obter isso, apenas a graça de Deus, porque essa dádiva não tem preço, seu valor é maior que qualquer tesouro na terra, está além da lei e mais alto que o Torá. Nenhuma escala pode medir isso. É a graça de Deus, que foi conferida sobre o Homem. 
Mas, ainda Nicodemus tinha uma dúvida que abalava o seu coração, então perguntou a Jesus:
- Mas como será possível se ter a prometida vida eterna se a morte ainda não foi vencida?
Mas, Jesus respondeu com um sorriso enigmático nos lábios e com um olhar terno:
- Nicodemus, o Filho do homem assim como é o Senhor da vida do mesmo modo o é também o Senhor da morte."
A narração dessa esclarecedora passagem foi feita com licença literária, para tanto eu contei com a contribuição imprescindível do grande autor judeu nascido na Polônia em 1880, chamado Sholem Asch. Escritor de língua hebraica e iídiche que foi muito aclamado pela crítica, mas quando após ter feito uma visita a palestina em 1936, retornando aos Estados Unidos onde vivia em 1938, deu inicio a uma trilogia escrita de 1939 a 1949, que veio a ofender a sensibilidade judaica: O Nazareno, O Apóstolo e Maria. Traçando um paralelismo entre o Novo Testamento e a tradição religiosa dos judeus, esclarecendo pontos nunca antes tratados de maneira tão clara, dando uma nova visão sobre a passagem de Jesus na Terra Prometida. Os críticos judeus de sua época o atacaram por que segundo eles Asch estar promovendo o cristianismo.
Eu conservo com todo carinho uma edição de bolso da Cardinal, editora nova-iorquina norte-americana, de 1956 do “Nazareno”, um livrinho que estava perdido entre os incontáveis livros da biblioteca da casa da minha bisavó, e eu o encontrei por volta de 1997. Em dezembro de 2010, eu adquiri no famoso sebo do Messias, atrás da Catedral da Sé, próximo ao fórum João Mendes no centro de São Paulo, o volume do livro “Maria”, e comprei também uma versão do “Nazareno” para o meu filho, na esperança que a visão de um escritor judeu abrisse o coração dele para Jesus, acho que talvez tenha dado algum resultado. Sempre bebo nas palavras de Sholem Asch quando quero entender as tradições judaicas e compreender melhor a vida de Jesus, o que foi e ainda é de grande ajuda na minha vida cotidiana, pois minha família agora é 50/50%, cristã/judia.
Sholem Asch morreu em Londres em 1957, mas antes em 1956 fez uma observação interessante expressando a forma como ele próprio via a Jesus, ele disse: “Cheguei a conclusão de que aquele homem era diverso de todos os outros interpretes da lei e mestres judaicos que o precederam. Porque esses aplicavam a lei unicamente ao povo eleito e não se preocupavam com os demais. Já a doutrina do rabi se dirigia aos simples e crédulos de todos os povos, mesmo os pagãos. Ele não se confinava aos limites do serviço do Templo e dos costumes religiosos dos judeus, como faziam os sacerdotes; suas palavras eram dirigidas a todos os homens do mundo”.
Infelizmente, para todos nós, os Sacerdotes judeus, os senhores das leis, os fariseus e outros que detinham o poder social e político no tempo de Jesus não abriram mão da “posse” da doutrina judáica como uma propriedade de um único povo, não aceitando a proposta de um Deus universal, um Deus de toda a Humanidade. JESUS, O FILHO DE DEUS, VEIO PARA TODOS SEM FAZER DISTINÇÃO. Mas, esta incompreensão também fazia parte dos planos de Deus, afinal como mais a Fé poderia ser provada? FELIZES SÃO OS QUE TEM FÉ POIS DELES É O REINO DOS CÉUS.

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 21. A NATUREZA DO "ESPÍRITO" EM RELAÇÃO À ALMA

JESUS, AMOR & FÉ *


21. A NATUREZA DO “ESPÍRITO” EM RELAÇÃO À ALMA

Para compreendermos melhor os debates que Jesus provocará ao difundir a PALAVRA DE DEUS, primeiro será preciso inteirar-se de alguns conceitos da tradição legada por Moisés aos judeus. 
A primeira vez que a palavra “ESPÍRITO” foi mencionada no Gênesis é quando Jacó, filho de Isaac e neto de Abraão, recebeu a notícia que o seu filho José, que pensava estar morto em verdade estava vivo. Ele ignorava que José em sua ausência tinha sido vendido como escravo por seus irmãos. No Egito, José em vez de encontrar a desgraça veio a prosperar, e tornou-se administrador dos bens do Faraó. A princípio Jacó não acreditou no que lhe contavam, mas ao ver os tesouros enviados por José para ele, está escrito que ao crer seu “espírito se reanimou” (Gên, 45:27). 
Acredita-se com base na tradição que a Lei (Torá), mais tarde foi chamada pelos romanos de Pentateuco, foi escrito por Moisés, contendo os cinco livros : Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Ora, Moisés foi educado como se fosse neto do Faraó do Egito, de modo que recebeu a educação formal e religiosa da época dos sacerdotes egípcios. Os egípcios tinham uma religião politeísta, baseada principalmente na transmigração das almas, na imortalidade da alma e na reencarnação, essa crença exerceria influência foi notável em todas formas religiosas da antiguidade e não deixaria de deixar seus vestígios nos ensinamentos de Moisés também.
Ora, Moisés tirou os judeus do Egito, os quais tinham ido para lá quando José governava em nome do Faraó. José trouxera seu pai e seus irmãos da Terra Prometida no tempo da grande fome. Lá o povo judeu inicialmente não foi escravo, mas com o passar do tempo caindo em desfavor muitos deles acabaram como escravos. Moisés reuniu o povo judeu e o tirou do Egito, vagando durante 40 anos no deserto da Península do Sinai para que o povo judeu fosse “purificado” dos costumes egípcios e ocorresse a renovação da geração, como se fosse um renascimento espiritual, onde todo o passado foi esquecido. Foi com base nessa idéia que a Lei (Torá/ Pentateuco) foi escrita por Moisés.
 A primeira menção a palavra “ALMA” foi no sentido de “VIDA”, em Levítico 17:11-14 se lê: “Porque a alma da carne está no sangue; e dei-vos esse carne para o altar; a fim de que ele sirva de expiação por vossas almas, porque é pela alma que o sangue expia. (…) derramará o sangue sobre a terra. porque a alma de toda carne é o seu sangue, que é a sua alma. Porque não comereis sangue de animal, porque a alma de toda carne é o seu sangue, quem o comer será eliminado.” É dessa prescrição de Moisés que muitos costumes e tradições terão seu lugar e respeito religioso entre os judeus, alguns se mantendo até os nossos dias. 
Entende-se portando que é a alma que dá a vida ao ser vivo e que a alma habita no sangue, que anima o corpo e lhe dá vida. É evidente que Moisés evitou entrar mais profundamente não só na questão da alma, mas principalmente no que dizia respeito ao “ESPÍRITO” , o qual seria responsável pelo “vigor inteligente da alma”, como apresentado na passagem de Jacó, mas segundo Moisés seria o vento ou sopro vital , o sinal de vida, o influxo divino que dá a vida. Mas, Moisés não se aprofunda na questão para que a cultura religiosa egípcia seja esquecida e os novos judeus se apegassem aos novos costumes e ritos religiosos por ele dados aos judeus em nome de Deus. Contudo, esse conhecimento existia em Moisés, tanto que em Levítico 20:27 está disposta a seguinte proibição: “Qualquer homem ou mulher que evocar os espíritos ou fizer adivinhações, será morto. Será apedrejado e levarão a sua culpa“.
Tempos depois quando escreveu o livro Deutoronômio, Moisés foi ainda mais rigoroso com essa proibição, como se pode ler no capítulo 18, versículos 11 a 13: “Não se ache no meio de ti quem passe pelo fogo… nem que se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à evocação dos mortos, porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor , teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. SERÁS INTEIRAMENTE DO SENHOR, TEU DEUS. As nações que vais despojar, ouvem os agoureiros e os adivinhos; a ti porém o Senhor teu Deus, não o permite. “O Senhor teu Deus te suscitará desnutre os teus irmãos um profeta como eu, é a ele que deveis ouvir.”
Ora, quando por ocasião do respeitado profeta Elias, que de tão santo foi arrebatado para o céu num turbilhão por uma carruagem de fogo (II Reis 2:1), numa passagem estando um menino doente, Elias estendeu-se sobre ele e orou por três vezes : Senhor rogo-vos que a alma desse menino volte à ele”. E o Senhor ouviu a oração de Elias, a alma do menino voltou à ele e ele recuperou a vida. (I Reis 17:17-24). O que depreende-se que a alma determina a condição de vida ou morte de um corpo vivo, e que a alma se afasta do corpo antes que ele morra. Em razão da proibição de Moisés sobre essa questão da natureza do “ESPÍRITO” e sua relação com a “ALMA”, muito do conhecimento relativo às questões espirituais eram mantidas em segredo. Contudo, com o cativeiro da Babilônia, depois com tomada do antigo reino de Israel por Alexandre, O Grande, com a implantação da cultura helênica e depois ainda com o domínio romano, o debate sobre a natureza da alma e do espírito foi retomado com grande vigor entre os eruditas daquele tempo de Jesus. Sobre isso escreveu Flávio Josefo: 
"Entre os judeus, os que faziam profissão particular de sabedoria, estavam há vários séculos divididos em três seitas: os essênios, os saduceus e os fariseus (…) A maneira de viver dos fariseus não era nem mole nem cheia de delícias: era simples. Eles se apegam obstinadamente ao que se persuadem dever abraçar. Honram de tal modo os velhos que nem ousam contradizê-los. Atribuem ao destino tudo o que acontece, sem, todavia tirar ao homem o poder de nele consentir; de sorte que, tudo sendo feito por ordem de Deus, depende, no entretanto da nossa boa vontade,entregarmo-nos à virtude ou ao vício. Eles julgam que as almas são imortais, que são julgadas em um outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo foram neste, viciosas ou virtuosas; que umas são eternamente retidas prisioneiras nessa outra vida e que outras voltam a esta. Eles granjearam por essa crença, tão grande autoridade entre o povo, que segue os seus sentimentos em tudo que se refere ao culto de Deus e às orações solenes que lhe são feitas. Assim, cidades inteiras dão testemunhos valiosos de sua virtude, de sua maneira de viver e de seus discursos.
A opinião dos saduceus é que as almas morrem com os corpos; que a única coisa que nós somos obrigados a fazer é observar a lei e é um ato de virtude não querer ceder em sabedoria aos no-la ensinam, Os desta seita são em pequeno número, mas é composta de pessoas de mais altas condição. Nada se faz, quase que sempre segundo o seu parecer, porque quando eles são elevados aos cargos contra a sua vontade e às honras, eles são obrigados a se conformar com o proceder dos fariseus, pois que o povo não permitiria que se opusessem aos mesmos.
Os essênios, a terceira seita, atribuem e entregam todas as coisas, sem exceção à providência de Deus. Crêem que as almas são imortais, acham que deve fazer todo o possível para praticas a justiça …” (Livro XVIII, Cap. II, 706).
Curiosamente as dúvidas daquele tempo se sustentam até os dias de hoje, apesar de todo conhecimento cientifico do ser humano contemporâneo ao que parece continuamos sabendo sobre este assunto tão pouco quanto os nossos ancestrais ao tempo de Jesus.
* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

domingo, 22 de novembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 20. O PODER DO SERMÃO DA MONTANHA

JESUS, AMOR & FÉ *


20. O PODER DO SERMÃO DA MONTANHA 

E, Jesus deu continuidade ao seu sermão, pois a multidão não conseguia desviar seus olhos dele, e todos pareciam entender suas palavras, até mesmo os estrangeiros, pois Jesus lhes falava ao coração e não à mente, a cadência de suas palavras possuía um ritmo musical e sua voz tinha uma modalidade única, nem muito grave, nem muito aguda, era num tom perfeito que agradava aos ouvidos e acalmava a mente. O dom da oratória parecia alcançar a perfeição em Jesus, e sua postura ao falar era altiva e com autoridade, como um pai a falar a seus filhos, e ele movia suas mãos com suavidade como a acariciar o ar ou como estivesse a tocar as águas plácidas de um lago. Era assim que ele parecia hipnotizar as pessoas e fazê-las sentir que eram únicas para ele, todas dignas de grande importância sem distinção de quem fossem ou que lugar ocupassem na sociedade, rico ou pobre, poderoso ou sem poder, bonito ou feio, inteligente ou não, todos para ele eram iguais: seus filhos no Espírito, seus irmãos na carne. 
Seus olhos brilhavam como se faiscassem com um fogo interior, seu sorriso parecia não abandonar o seu rosto que vibrava com o ardor apaixonado com que permeava cada palavra que dizia. Felizes aquele que ouviram a sua voz e o seguiram como o rebanho segue o pastor, felizes aqueles que mesmo não ouvindo tiveram suas palavras gravadas pelo Espírito Santo em seus corações e o seguem, pois receberam a maior graça de todas, mesmo que não o saibam.
Era assim Jesus os ensinava:“Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis para não seres julgados; não condeneis, e não serão condenados; perdoais e sereis perdoados, dai e vos será dado. Colocarão a vós no regaço medida boa, cheia recalcada e trasbordante, porque com a mesma medida que medirdes, sereis medidos vós também.”
Falava assim pois fora escrito na Lei: “Não terás compaixão: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Deu. 19:21), principalmente no que dizia respeito a um falso testemunho contra uma pessoa inocente, de modo que a pessoa que fizera o falso testemunho deveria ser tratada da maneira que premeditara tratar o seu irmão, para que assim fosse tirado o mal do meio do povo, para que os outros ao saberem da justiça dada tivessem medo e não ousassem cometer semelhante falta no meio deles. Mas, para Jesus, essa Lei não fora compreendida corretamente, e levava o povo a um julgamento errôneo, podendo ser confundido. Por isso Jesus disse à multidão; “Pode por acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o mestre. Por que vês tu o cisco no olho do seu irmão e não reparas na trave que está no teu olho? Ou, ainda. como pode dizer a teu irmão: “Deixa-me , irmão tirar o cisco do seu olho, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita. tira primeiro a trave do teu olho, e depois enxergarás para tirar o cisco do olho do teu irmão."(Lc. 6:36-42)
“Guardai-vos de fazer boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles, antes as caçai para os olhos do vosso Pai que tudo vê. Quando deres esmola não toques trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas para serem louvados pelos homens, em verdade será apenas essa a sua recompensa. Quando fizeres o bem que a sua mão esquerda não saiba o que a direita está fazendo, assim a vossa boa ação será mantida em segredo e vosso Pai que tudo vê vos recompensará. Quando orares, não faças como os hipócritas que gostam de orar em público batendo no peito para todos verem, recolha-se a um local oculto e ore em segredo ao vosso Pai que tudo vê vos recompensará. Quando orares não multipliquem vossas palavras na boca, pois vosso Pai sabe o que vos é necessário antes mesmo que vosso pedido seja feito. Eis como deveis rezar:
PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME, VENHA A NÓS O VOSSO REINO; SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU .
A SUBSISTÊNCIA DE CADA DIA NOS DAI HOJE, PERDOAI AS NOSSAS DIVIDAS ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES. E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO E NOS LIVRAI DO MAL.
Porquanto se perdoares aos outros também vós sereis perdoados por vosso Pai. Quando jejuares também não faças como os hipócritas, mostrando um semblante abatido e um ar triste, esses também já receberam sua recompensa aos olhos dos homens. Quando jejuares, perfuma a vossa cabeça e lava o vosso rosto, assim ninguém saberá que jejuas, apenas o vosso Pai do céu. e Ele vos recompensará.
Não ajunteis tesouro na Terra onde podem se perder, mas ajuntai tesouros no céu, onde nada os poderá consumir. Porque onde estiver o vosso tesouro também estará o vosso coração. O vosso olho é a luz do corpo, se o olho é bom todo o corpo será iluminado, mas se o olho é ruim todo o corpo ficará em trevas. Se a luz que tiver em vós for trevas, quão espessas serão essas trevas! Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou amará um e odiará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Assim não é possível servir à Deus e à ambição por riquezas. Portanto aquele que serve à Deus não deve preocupar-se com as suas necessidades, pois para Deus valeis vós muito mais do que qualquer outra obra da sua criação. Buscai primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça que todas as coisas que necessitares para sua prosperidade e progresso vos será dado. Não viveis, portanto preocupados com o dia de amanhã, , o dia de amanhã terá suas próprias preocupações, a cada dia a sua preocupação.
Pedi a vosso Pai e ele vos dará. Buscai-o e o achareis. Batei e vos será aberto.Porque todo aquele que pede recebe. Quem busca acha. A quem bate abrir-se-á. Quem de vós daria uma pedra ao filho que vos pedisse pão? Se vós que sois maus não fariam isso, quanto mais o vosso Pai celeste, que dará coisas boas aos que lhe pedirem. Entrai pela porta estreita, pois a larga é a que conduz à perdição e numerosos são os que por aí entram. Porém a estreita é a porta que conduz ao caminho da vida e raros são os que o encontram. Não lancei aos cães as coisas santas, nem atireis aos porcos as vossas pérolas, para que eles não as calquem com os pés, e voltando-se contra vós, vos despedacem. Guardai-vos daqueles que se disfarçam de ovelhas , mas por dentro são lobos arrebatadores e vorazes. Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas só aqueles que fazem a vontade do meu Pai que está nos céus.” (Mt. 6:24-34 e 7: 1-21)
“Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de abrolhos. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo que o coração está cheio. Porque, então, me chamais: Senhor, Senhor… e não fazeis o que eu digo? (Assim falava dirigindo seu olhar duro aos fariseus e sacerdotes do Templo que ali estavam para se fazerem pedra de tropeço para ele.)
Todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que edificando uma casa cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram as torrentes contra aquela casa, e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída. Mas, aquele que as ouve e não as observa, é semelhante ao homem que construiu a sua casa sobre a terra movediça, sem alicerces. A torrente investiu contra ela e logo ruiu; e grande foi a ruína daquela casa.” (Lc. 6:43-49)
Destarte, que a segunda parte do Sermão da montanha Jesus dedicou inteiramente a responder o que estava nas mente e nos corações duros daqueles que apontavam seus dedos para critica-lo e difama-lo, não os poupando também de suas acusações quanto aos seus modos distantes daquilo que Deus apreciava, palavras que ainda viriam a ser muito mais severas, na medida que em sua campanha crescesse em fama e autoridade, firmando sua doutrina mais e mais, a ponto de colocar temor aos poderosos do povo judeu e às autoridades romanas, enquanto seus passos firmes e determinados caminhavam em direção ao seu destino final: Jerusalém.

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 19. BEM-AVENTURADOS OS MANSOS DE CORAÇÃO

JESUS, AMOR & FÉ *


19. BEM-AVENTURADOS OS MANSOS DE CORAÇÃO

“Eis o Senhor Deus que vem com poder , estendendo os braços soberanamente, eis com ele o preço da sua vitória, faz-se preceder pelos frutos de sua conquista, como um pastor, vai apascentar seu rebanho, reunir os animais dispersos, carregar os cordeiros nas dobras de seu manto conduzir lentamente as ovelhas que amamentam.” (Is. 40:10-11)
Após o primeiro milagre, realizado em Caná, na Galiléia, a fama de Jesus ganhou o mundo pois todos os que estavam nas bodas de Caná souberam do feito, principalmente porque os serventes que obedeceram as ordens de Jesus não guardaram segredo sobre a origem estranha do vinho tão apreciado por todos, considerado um vinho da melhor qualidade que já se havia provado. Seus discípulos beberam do vinho e creram então em Jesus. Após as bodas de Caná, Jesus desceu para Cafarnaum (cidade à beira do mar Galiléia (a 34 Km de Nazaré), com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos e por lá demoram-se poucos dias. (Jo. 2:11)
Era dia de sábado e Jesus entrou na sinagoga de Cafarnaum e pôs-se a ensinar. Ora, na sinagoga tinha um homem tomado de um espírito imundo que ao ver Jesus gritou: “Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste nos levar a perdição? O Messias já não julgou e condenou Satanás? Sei quem és: o Santo de Deus , tu és o Messias!” Mas, Jesus o confrontou-o e ordenou ao espírito: “Cala-te, sai deste homem!”. E o espírito imundo agitou o corpo do homem violentamente em estremecimentos involuntários, que deu um grande grito, quando o espírito demoníaco lhe saiu. Todos que ali estavam e testemunharam o sucedido ficaram por demais admirados e questionando com que autoridade Jesus comandava os espíritos demoníacos.
Saindo da sinagoga, Jesus acompanhou Pedro à casa de sua sogra, que estava de cama e com febre. Ao entrar na casa foi levado por Pedro onde a doente se encontrava acamada e Jesus lhe pegando as mãos a levantou da cama, e imediatamente a febre a abandonou e ela se sentiu tão bem-disposta como se nunca tivesse estado doente, e com alegria se pôs a preparar uma refeição para servir a todos que estavam com Jesus. Quando chegou a tarde, durante o ocaso, uma romaria acorreu à casa onde estavam, toda a acidada estava reunida diante da porta, pois levaram-lhes os enfermos e possessos do demônio. Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças e expulsou muito demônios, e não lhes permitia falar que o conheciam.
No dia seguinte Jesus se levantou antes de todos ao amanhecer e retirou-se para um lugar deserto para orar, e estava orando quando foi encontrado por Pedro e outros discípulos, dizendo que todos estavam a procurá-lo. Jesus então disse: “vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois para isso é que eu vim.” (Mar. 1:21-39) “Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: ’Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males.’(Isaías 53:4)” (Mt. 8:17).
E Jesus seguia cumprindo o enredo que lhe fora traçado previamente pelos Profetas:
“Que dêem glória ao Senhor e espalhem seu louvor pelas ilhas! Tal como um herói, o Senhor avança, como um guerreiro, ele desperta seu ardor; lança seu grito de guerra, como um herói afronta os seus inimigos.” (Is. 42:13)
“Ouvi-me, vós que seguis a justiça e que buscais o Senhor! Olhai a rocha de que fostes talhados, a pedreira de onde vos tiraram (…) Povos, escutai bem, nações prestai atenção! Pois é de mim que emanará a doutrina e a verdadeira religião que será a luz dos povos. De repente minha justiça chegará, minha salvação vai aparecer, meu braço fará justiça aos povos, as ilhas em mim terão esperança e contarão com o meu braço”. (Is. 51: 1, 4 e 5)
Jesus percorria a Galiléia ensinando em suas sinagogas pregando o Evangelho do Reino de Deus e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele curava a todos. Grandes multidões acompanharam-no da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e dos países do outro lado do Jordão.” (Mt. 4:23-25)
Em um daqueles dias Jesus retirou-se para uma montanha para rezar e passou toda uma noite orando. Ao amanhecer, quando começava a descer a montanha avistou os seus discípulos e atrás deles uma grande multidão. As pessoas estavam sentadas na colina à sua espera, elas vieram de longe: da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, desejavam ouví-lo e serem curadas das suas enfermidades do corpo e da alma. Muitas delas queriam tocá-lo, pois saia dele uma força que curava a todos. (Lc. 6:12-19)
Vendo aquela multidão de desamparados, Jesus levantou seus olhos para os céus e abrindo seus braços como se pudesse abraçar a todos num abraço afetuoso, tomado de profundo amor misericordioso começou a falar com linda voz que soava como a mais bela música ao ouvido de todos:
“Bem-aventurados os quem tem um coração humilde, porque deles é o reino dos céus!
Bem-aventurados os que choram porque serão consolados com alegria!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia!
Bem-aventurados os corações puros, porque verão a Deus!
Bem -aventurados os pacíficos , porque serão chamados filhos de Deus!
Vós sois a luz do mundo!
Não se pode esconder uma cidades situada sobre uma montanha, nem se ascender uma luz para se colocar debaixo de uma mesa, mas sim para se colocar num candeeiro, a fim de que brilhe e ilumine toda a sala. Assim brilhe a vossa luz diante do mundo para que todos possam ver as vossas boas obras e as vendo glorifiquem vosso Pai que está nos céus.”
Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para abolir, mas para levar à perfeição.
A Lei diz: “Não matarás”.
Eu digo: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será castigado. Eu vos digo que amem seus inimigos, abençoem quem os amaldiçoa, rezem por quem os trata mal.
Foi dito: “Olho por olho, dente por dente” (Lev. 24:17). Eu vos digo: Se alguém vos bater numa face, oferece a outra. Se alguém vos quiser arrancar o manto, deixa que leve também a túnica. Dê a qualquer um que pedir, e se alguém tomar o que é vosso não peça que devolva.
A Lei diz: “Não cometerás adultério”.
Eu porém vos digo: Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para a mulher do teu próximo, já adulterou com ela em seu coração. Todo aquele que rejeitar sua mulher a torna adúltera - a não ser que trate de matrimônio falso sem amor. E todo aquele que se casa com uma mulher rejeitada, comete um adultério. Pois a carta de divórcio dada a vós por Moisés foi em razão da dureza de vossos corações.
Tende o espírito da suavidade e paciência, e fugis à vingança. Assim como desejam ser tratados, tratem os outros. Se amares apenas quem vos ama, que vantagem tereis? Até o cobrador de impostos amam quem o ama.
Pois está escrito na Lei: “ Não odiarás o teu irmão no teu coração . Repreenderás o teu próximo para que não incorras em pecado por sua causa. Não te vingarás: não guardarás rancor contra os filhos do teu povo. AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Eu sou o Senhor” (Lev. 19:18) . Eu porém vos digo amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e os perseguem. Desde modo sereis os filhos do de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como os bons sem fazer acepção de pessoa, e faz chover sobre os justos e os injustos.
O Senhor ordenou a Moisés e seu povo: “Cortai pois o prepúcio do seu coração , e cessai de endurecer a vossa cerviz; porque o Senhor vosso Deus, é o Deus dos deuses, é o Senhor dos senhores, o Deus grande todo poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita presentes. Ele faz justiça ao órfão e a viúva, e ama o estrangeiro, ao qual dá alimento e vestuário. Também vós ameis o estrangeiro, porque fostes estrangeiros no Egito.” (Deu. 10:16-19) Se vós saudeis apenas a seus irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos? PORTANTO SEDES PERFEITOS ASSIM COMO VOSSO PAI CELESTE É PERFEITO.” (Mt. 5:1-48 e Lc. 6: 20-49)
Assim, num tempo em os líderes das seitas dos fariseus e dos zelotes faziam discursos pregando a discriminação e a rebeldia aos adversários, especialmente aos romanos, Jesus pregava a paz e a conciliação. Enquanto a seita dos saduceus promovia o divórcio indiscriminadamente, forjando cartas de divórcio, apenas para satisfazer sua luxuria e lascívia, Jesus pregava a fidelidade e a lealdade com o respeito aos votos matrimonias, tornando o casamento indissolúvel. Jesus, assim, com suas palavras desagradava a todos, e nem mesmo os sacerdotes do templo ficariam imunes às suas justas críticas. Porquanto o chamado “Sermão da Montanha” marcou o início da pregação dos ensinamentos de Jesus, a espinha dorsal de sua campanha de divulgação do Reino de Deus, os preceitos morais fundamentais da renovação da doutrina judáica - trazida por Jesus para todas as pessoas e não apenas ao povo judeu -, reafirmando o seu caráter universal, pacífico e de conversão ao amor, proposto desde o princípio por Deus à Moisés, endireitando assim o que fora mal compreendido e distorcido pela ambição da mente humana, colocando a sabedoria dos ensinamentos divinos em seu devido lugar, no coração de cada pessoa. Para tanto não temerá enfrentar os seus mais temíveis inimigos, os fariseus, tal como poderemos ver na continuidade deste episódio de profunda importância para a compreensão dos ensinamentos cristãos legados a nós por Jesus.
* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

domingo, 15 de novembro de 2015

JESUS, AMOR E FÉ - 18. A REVELAÇÃO DAS BODAS DE CANÁ

JESUS, AMOR & FÉ *


18. A REVELAÇÃO DAS BODAS DE CANÁ


Em certo dia celebrava-se em Caná o casamento de aparentados da família de Jesus, e sua mãe Maria estava lá hospedada. Caná era pertinho de Nazaré e lá se chegava numa rápida caminhada. Jesus era convidado para as bodas e o convite foi estendido também aos seus novos amigos, que passaram a acompanhá-lo naqueles dias onde quer que ele fosse. Jesus gostava por demais de uma festa, pois tinha um temperamento muito alegre, e ele não negava essa sua peculiaridade, chegando a rir quando o chamavam de beberrão e comilão (Mt. 11:19). Ele não gostava de quem não sabia se divertir na ocasião oportuna, de gente que tendo música para dançar e não dança e em vez de cantar verte lamentações, pois ao seu ver a falta de alegria era tão vulgar quanto lamentações excessivas, pois ambos casos demonstram um coração frio e uma mente calculista. 

A festa estava animada, quando sua mãe se aproximou dele para o avisar que o vinho acabara. Jesus despreocupado disse a ela que nem ele nem ela tinham nada a ver com a falta de vinho, pois não eram os anfitriões da festa, nem os donos da casa. Mas, Maria fez aquela cara de mãe desapontada que sabe que o filho tem como resolver aquele constrangimento para amigos tão queridos. Afinal, se não tivesse mais vinho a festa logo se acabaria e, pior, os convivas sairiam falando mal da festa, dizendo que os anfitriões não receberam com a largueza devida para as bodas. Jesus sabia disso, e olhou nos olhos de sua mãe querida e alertou-a dizendo: “Minha hora ainda não chegou.” Mas, Maria que compartilhava o segredo divino do filho, olhou-o mais profundamente nos olhos e meneou a cabeça como a dizer: “Acho que já chegou, sim, meu filho amado.” A este segundo olhar Jesus não discutiu mais, e como filho obediente que era seguiu atrás da mãe até onde estavam os serventes. Ela disse aos empregados: “Fazei como ele vos disser.” 

Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra que tinham sido usadas para as purificações. Isso porque os judeus apegados à tradição não comiam sem fazer abluções das mãos, de forma que as talhas estavam com água da lavagem das mãos, algumas estavam cheias pela metade e outras com um terço dessa água impura. Jesus ordenou aos serviçais para que enchessem as talhas até a boca do vasilhame com água limpa. Depois disso Jesus ordenou a um dos serventes que enchesse uma taça com o líquido de uma das talhas e a levasse ao chefe dos serventes para experimentá-la. Quando o chefe dos serventes provou a água que se tornara vinho sem saber de onde ele viera, disse: “É costume servir primeiro o vinho bom , e depois, quando os convidados já estão quase embriagados servir o menos bom. Mas, tu guardaste o vinho melhor até agora.”

Esse foi o primeiro milagre de Jesus, contudo, apesar de ser aparentemente tão singelo é permeado de um simbolismo oculto, de verdades veladas e de uma fina ironia. Lembram-se quando o Senhor disse a Isaías: “É o Senhor que vós deveis ter por conspirador; é a Ele que é preciso respeitar, a Ele se deve temer” (Is.7:13) ? Pois bem, aqui podemos ver quão sutil é a inteligência divina a ponto de confundir até o mais sábio entre os sábios.

O costume de lavar as mãos e os pés teve seu início segundo o livro do Gênesis quando o Senhor disse a Moisés que os sacerdotes e os levitas deveriam “lavar os pés e as mãos para não morrerem e Isto será para eles uma lei perpétua de geração em geração” (Êxodo 30:17-21)

Segundo o Evangelho de São Marcos fica-se sabendo que esse era um costume antigo da tradição judaíca e que os fariseus tomavam essa prática como um principio indiscutível, tanto que haveria de ser causa de discussão acalorada com Jesus. Escreveu Marcos: “Os fariseu e alguns dos escribas vindos de Jerusalém (* pois o caso se deu em Genesaré), tinham se reunido em torno dele. E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é sem as lavar. (Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegados à tradição dos antigos não comiam sem lavar cuidadosamente as mãos; e quando voltam do mercado não comem sem ter feito abluções; e há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal). Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: “Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras?”Jesus disse-lhes : “Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (Is. 29:13). Deixando o mandamento de de Deus , vos apegais a tradição dos homens. E Jesus acrescentou: Na realidade invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição." (Mar. 7:1-9) “Nada há fora do homem que entrando nele, o possa manchar , mas o que sai do homem, isso é o que o mancha o homem. A bom entendedor meia palavra basta!” (Mar. 7:15)

Mas, o texto que Jesus cita de Isaías ainda é mais esclarecedor se lido em seu contexto completo:
"Pasmai-vos e maravilhai-vos, obstinai-vos, feridos de cegueira. Embriagai-vos, mas não de vinho, cambaleai, mas não por causa da bebida. Porque o Senhor espalhou sobre vós o espírito de torpor, fechou vossos olhos e cobriu vossas cabeças. A revelação de todos estes acontecimentos permanecem para vós como o texto de um livro selado. Quando o oferecem a um letrado, pedindo-lhe que o leia, ele responde: “Não posso, o livro está selado”; se o oferecem a um iletrado, pedindo-lhe que o leia, ele responde: “Não sei ler”. O Senhor disse: 'Este povo vem a mim apenas com palavras e me honra só com os lábios, enquanto o seu coração está longe de mim e o temor que ele me testemunha é convencional e rotineiro, por isso continuarei a tratar esse este povo de modo tão estranho que sabedoria dos espertalhões se perderá e a inteligência dos astutos desaparecerá' Aí daqueles que querem esconder do Senhor seus desígnios que fazem intrigas nas trevas…” (Is. 29:9-15)

Durante toda a pregação de Jesus veremos as parábolas sobre a vinha, e como essas parábolas vão revelando quem Jesus é e a disposição de Deus em relação aos judeu. Isso também foi escrito pelo profeta Isaías, e conhecendo-se as palavras dos versos do profeta pode-se compreender a amplitude do significado do milagre que transformou a água “impura”, que estava em vasos de pedra e não de cerâmica como seria o usual, para o vinho, acrescentando apenas água “pura”, no melhor vinho que já tinha sido servido durante as bodas. Escrevera Isaías sobre a vinha:

“Eu quero cantar o canto do meu bem-amado sobre a sua vinha. Meu amigo possuía uma vinha num outeiro fértil. Ele a cavou e tirou dela as pedras; plantou-a de cepas escolhidas. Edificou-lhe uma torre no meio e construiu aí um lagar. E contava com uma colheita de uvas., mas ela só produziu argaço. (…) A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel e os homens de Judá, são a planta de sua predileção. Esperei deles a prática da justiça, e eis o sangue derramado, esperei a retidão, e eis os gritos de socorro.” (Is. 5;1,2, 7)

“Naquele dia se dirá: Cantai a bela vinha! Eu o Senhor sou o vinhateiro, no momento oportuno eu a rego, a fim de que seus sarmentos não murchem. Dia e noite eu a vigio, nada tenho contra ela. Se nela crescerem sarças e espinhos, eu lhes farei guerra e os queimarei a todos a menos que se coloquem sob a minha proteção , que façam paz comigo, que façam comigo a paz! Um dia Jacó lançará raízes, Israel produzirá flores e botões e eles cobrirão o mundo de frutos.” (27: 2-3)

Há uma decepção de Deus com o resultado da sua vinha, mas há também uma esperança muito grande de salvá-la e torná-la algo muito melhor. Na passagem do milagre em que Jesus transforma água em vinho, a água impura e suja representa os pecados dos judeus, assim, quando Jesus coloca as águas puras nas talhas com águas impuras, é como se juntasse água milagrosa que transformou os pecados dos judeus em vinho, ou seja transforma o mal num bem. Pois esse é o poder do bem divino: transformar o mal num bem maior. Pois como Jesus disse: “ Sois também vós ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não pode o tornar impuro, porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre, e dali segue sua lei natural?” - Assim ele declarava puros todos alimentos. E acrescentava: “Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos, devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem."(Mar. 7:17-23)

E, foi assim, que Jesus fez o seu primeiro milagre repleto de sabedoria, e demonstrando o quanto o pensamento humano está longe da inteligência divina. “Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não são os meus, diz o Senhor., mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos.” (Is. 55:8-9)

Portanto, quando ocorreu outra disputa por causa que os discípulos de João e os fariseus jejuavam e os dele não Jesus disse: “Podem porventura jejuar os convidados das núpcias, enquanto está com eles o esposo? Enquanto tem consigo o esposo, não lhes é possível jejuar. Dias virão porém, em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão. (…) E ninguém põe vinho novo em odres velhos: se o fizer, o vinho os arrebentará, e perder-se-á juntamente com os os odres; mas para vinho novo, odres novos.” (Mar. 2: 19,20 e 22) Em caso de falta de odres novos, que sejam talhas de pedra,  pois assim não thá perigo que se rompam, não é Jesus?

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 17. OS ESCOLHIDOS DE JESUS

JESUS, AMOR & FÉ *


17. OS ESCOLHIDOS DE JESUS


Ora, os discípulos de João vendo a reverência que ele demonstrava com Jesus estranharam a sua atitude o questionaram: “Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão de quem tu deste testemunho ei-lo que ele está batizando e todos vão ter com ele. João replicou: “Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o que lhe foi dado do céu. Vós mesmo me sois testemunhas, de que disse: Eu não sou o Messias, mas fui enviado diante dele. Aquele que tem a esposa é o esposo. O amigo do esposo, porém, que está presente e o ouve, regozija-se, sobremodo com a voz do esposo. Nisso consiste a minha alegria, que agora se completa. IMPORTA QUE ELE CRESÇA E EU DIMINUA.”

"Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala coisas terrenas. Aquele que vem do céu é superior a todos. Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho. Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro. Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas. O Pai ama o seu Filho e confiou-lhe todas as coisas. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus. “ (Jo 3: 26-35)

Quando pois, Jesus ouviu que João fora preso, retirou-se para a Galiléia. E estando nas plagas de Cafarnaum, à margem do lago da Galiléia, nos confins de Zabulon e de Neftali, cumpriu as palavras de Isaías que disse que no passado o Senhor humilhou aquela terra mas que no futuro cobrirá de honras o Caminho do mar (Is. 9:1). Assim, caminhando ao longo do mar da Galiléia , ele viu dois irmãos, Simão e André, que eram pescadores e lançavam a rede no mar. Jesus deles se aproximou e falou-lhes: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”. (Mt.4:12-18). 

Ora, André irmão de Simão era um dos dois que tinha ouvido o testemunhos de João e seguira a Jesus no Jordão. Depois, ele tinha ido a procura do irmão e dissera-lhe: “Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo, o Ungido). André apresentou Simão à Jesus, e Jesus fixando nele o olhar disse: “Tu és Simão, filho de João, serás chamados ‘Cefas’ (que quer dizer Pedra). “ (Jo 1: 40-42) E assim, Simão passou a se chamar Pedro. E deu-lhe esse apelido carinhoso mais porque Simão era um "cabeça-dura", bastante teimoso, mas suficientemente perseverante para ser uma "pedra angular" para marcar a edificação do ministério de Deus na Terra para todas as nações. Simão simboliza a mente dominada apenas pela razão, que não aceita os ensinamentos da alma, manifestos através dos sentimentos amorosos do coração. Por essa razão Pedro será um personagem crucial para a compreensão do que acontece com Jesus, pois todos nós, querendo ou não somos muitas vezes durante a nossa existência como Pedro.

André tinha por companheiro seu amigo Filipe quando seguia João o Batista. Filipe era natural de Betsaida, cidade de André e Pedro (Jo 1:43). E André chamou a Filipe e o apresentou a Jesus. Mais adiante Jesus encontrou com Zebedeu que estava consertando suas redes em companhia de seu filhos com Maria Salomé, irmã de sua mãe; Tiago (Maior) e João. Salomé foi parteira de sua irmã Maria e acompanhou o recém nascido Jesus ao Egito, razão pela qual privava de grande amizade com Jesus, pois o conhecia desde o nascimento. E sendo eles seus primos-irmãos e chamados por Jesus largaram o que estavam fazendo e o seguiram. E, Jesus colocou em Tiago (Maior) e João o nome de “Boanerges”, que quer dizer filhos do Trovão (Mc 3:17), porque Zebedeu ao falar soava como se trovejasse e tinha um temperamento altivo e zeloso.

Os irmão de Jesus, filhos do primeiro casamento de José, também passaram a seguí-lo, eram eles: Tomé (o Didimo - Gêmeo) e Judas, o Tadeu (* o filho menor de José que viveu desde pequeno com Maria e acompanhou Jesus ao Egito), assim como seus primos Tiago (Menor) e Simão, o Zelador (ou Zeloso, também chamado de Cananeu) filhos de Maria de Cleofas (ou de Alfeu), prima irmã de Maria por parte de José. Assim, quatro dos 12 discípulos eram parentes segundo a carne de Jesus. Os discípulos pescadores em número de quatro também possuíam laços de amizade com a família de Jesus.

Os discípulos vindos de fora do seu círculo próximo foram: Mateus (o publicado, também chamado Levi, o cobrador de impostos) a quem Jesus chamou para seguí-lo estando nas proximidades do mar da Galiléia e ele largou tudo que estava fazendo e seguiu Jesus. (Mr. 2:12-14); Judas Iscariotes que seguia João Batista;  Filipe, discípulo de João Batista e amigo de André, e Natanael de Caná (ou também chamado de Bartolomeu) que foi apresentado por Filipe à Jesus, segundo São João (Jo 1:45-51). Porquanto, Filipe encontrando Natanael, dele se aproximou dizendo: "Achamos aquele que Moisés escreveu na Lei e que os profetas anunciam: é Jesus de Nazaré, filho de José."  

Ora, antes de prosseguir é preciso esclarecer a natureza do "Profeta" prometido à Moisés, para compreender perfeitamente essa passagem de Natanael. Moisés escrevera no livro sagrado do Deutoronômio: "O Senhor teu Deus te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que deves ouvir. Foi o que tu mesmo pediste ao Senhor, teu Deus em Horeb, quando lhe disseste no dia da assembléia: Oh! Não ouça eu mais a voz do Senhor, meu Deus, nem torne a ver mais esse fogo ardente, para que eu não morra! - E o Senhor disse-me: Está muito bem o que disseram: eu lhes suscitarei um profeta como tu dentre seus irmãos; pôr-lhe-ei minhas palavras na boca, e ele lhes fará conhecer as minhas ordens. Mas, o que se recusar ouvir o que ele disser da minha parte, pedir-lhe-ei contas disso. O profeta que tiver a audácia de proferir em meu nome uma palavra eu lhe não mandei dizer, ou se atrever a falar em nome de outros deuses, será morto. Se disseres a ti mesmo: Como posso distinguir a palavra que não vem do Senhor? - Quando o profeta tiver falado em nome do Senhor, se o que ele disse não se realizar, é que essa palavra não veio do Senhor. O profeta falou presunçosamente. Não o temas." (Deu. 18: 15-22). Ora, o conhecimento dessa profecia de Moisés é crucial para que se entenda por qual motivo os Sacerdotes do Templo e os fariseus buscavam pegar Jesus em erro em suas palavras, para que assim pudessem justificar seu ato homicida. 

Ao ouvir Filipe se referir às palavras de Moisés, Natanael respondeu: "Pode porventura vir coisa boa de Nazaré?", dizendo isso pois a profecia de Miquéias (5:2) dizia: "Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." 

Filipe retrucou-lhe: "Vem e vê." Jesus vê Natanael que lhe vem ao encontro e diz: "Eis um verdadeiros israelita, no qual não há falsidade." Jesus disse isso, porquanto Jacó antes de sua disputa com seu irmão gêmeo Esaú para atravessar o Jordão e voltar para a região de herança paterna de Abraão, teve uma noite insone em que lutou com alguém até a aurora. E vendo o homem a persistência de Jacó inquebrantável, tocou-lhe na articulação da coxa, mas Jacó continuou lutando e o homem desejou partir, mas Jacó falou que não o deixaria partir até que ele o abençoasse. Então o homem perguntou o nome daquele que pelejava incansavelmente com ele e Jacó respondeu: "Jacó". Então o homem lhe disse: "Teu nome não será mais Jacó, mas ISRAEL, porque lutaste com Deus e com os homens e venceste." Ao ouvir isso Jacó admirado quis saber o nome daquele com que lutara quase até ao raiar da aurora, e o homem lhe disse: "Porque queres saber o meu nome?" e dizendo isso abençoou Jacó. Que imediatamente após a benção disse a si mesmo: "Chamarei esse lugar de 'Fanuel', porque eu vi Deus face a face, e conservei a vida". Pois, a tradição dizia que quem visse Deus face a face morreria. (Gen. 32:24-31) 

Natanael ouvindo Jesus perguntou-lhe donde ele o conhecia, e Jesus disse que antes que Filipe o chamasse ele já o tinha visto sentado debaixo da figueira, certamente foi o próprio Jesus que inspirara Filipe a ir chamar Natanael, pois todo discípulo de Jesus por ele é 'escolhido', antes de ser chamado, por isso Jesus diria que escolhera seus discípulos do mundo (Jo 15:19) e sendo eles escolhidos, deixavam de ser do mundo. 

Sentindo na alma que Jesus lhe perscrutara o seu coração Natanael disse Jesus: "Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel" E tomado de êxtase prostrou-se perante Jesus que tomando-lhe as mão o ajudou a levantar e olhando nos olhos de Natanael sorrindo disse-lhe: "Porque eu te disse que te viste debaixo da figueira crês? Verás coisas maiores do que estas. Em verdade, em verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem." (Jo 1-51) Tal como o sonho de Jacó: " E teve um sonho: Via uma escada, que apoiando-se na terra, tocava como o cimo o céu; e anjos de Deus subiam e desciam pela escada. No alto estava o Senhor, que lhe dizia "Eu sou o Senhor", o Deus de Abraão, teu pai e o Deus de Isaac: darei a ti e a tua descendência a terra em que estás deitado. Tua posteridade será tão numerosa como os grãos da poeira do solo; tu te estenderás para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o meio-dia, e todas as famílias da terra serão benditas em ti e em tua posterioridade. Estou contigo , para te guardar onde quer que fores, e te reconduzirei a esta terra e não te abandonarei sem ter cumprido o que prometi." Jacó despertou do sono cheio de pavor, tendo consciência que a terra era a cada de Deus, e no lugar que dormira ergueu uma pedra, uma estela, para demarcar e a ungiu com óleo dizendo: "A este lugar chamado Luz, dou o nome de Betel, que quer dizer "casa de Deus", e dizendo isso fez um voto: "Se Deus for comigo e Deus me guardar, me der pão, me vestir e me fizer retornar em paz para a casa do meu pai, então o Senhor será o meu Deus". (Gên. 28:12-22).

Como podemos notar há sempre um propósito nas atitudes de Jesus, nada é por acaso, fruto da coincidência. Do mesmo modo a escolha de Judas Iscariotes teve o seu propósito quando se toma conhecimento da discrição das seitas em vigor ao tempo de Jesus, que eram quatro: a dos fariseus, dos saduceus, dos essênios e dos zelotes. Havia naquele tempo segundo Flávio Josefo lideres que incitavam o povo à rebelião, porquanto diziam que os romanos queriam levar os judeus à escravidão e que eles não deviam esperar que Deus lhes fosse favorável se da parte deles não fizessem tudo o que era possível. Um tal de Judas, o Galileu, fundou uma quarta seita, a dos zelotes, que em tudo estava de acordo com os fariseus, afirmavam que havia um só Deus, ao qual se deve reconhecer por senhor e por rei. Os seguidores dessa seita tinham um amor ardente pela liberdade, que não haviam tormentos que não sofriam e que não deixavam sofrer as pessoas mais caras, antes de que dar a quem quer que seja o nome de Senhor e de Mestre, era impossível expressar até que ponto ia a incrível paciência e desprezo pelas dores dos fanáticos dessa seita. O povo judeu ficava tão impressionados com as palavras desses líderes seguidores dessa seita, que preparavam secretamente a rebelião. "A perturbação era suscitada por todos os lados. Eram assassínios e latrocínios; saqueava-se e roubava-se tanto a amigos indiferentemente, como a inimigos, com o pretexto de se defender a liberdade pública; matava-se pelo desejo de enriquecer às pessoas mais ilustres e ricas; a raça desses sediciosos chegou a tal excesso de furor que , uma grande carestia que sobreveio, não pode impedir que eles atacassem as cidades e derramassem o sangue de seus compatriotas; viu-se o fogo dessa cruel guerra civil levar suas chamas até o templo de Deus, tão perigoso é querer subverter as leis e os costumes do próprio país." (História dos Hebreus, Livro XVIII, Capítulos 1 e 2). 

Como poderemos constatar Judas Iscariotes se fará um perfeito adepto dessa seita que causou tanta má impressão ao historiador judeu a ponto de culpá-la pelas calamidades que sobrevieram sobre o povo judeu a partir de 70 d.C., que levaria à Terra Prometida à ruína. 

Esses são os 12 discípulos históricos, mas Lucas nos conta que além deles Jesus veio a ter 72 discípulos, os quais mandou-os dois a dois, adiante dele para todas as cidades e lugares para onde iria, e a estes Jesus também daria o poder de fazer milagres e teriam os nomes deles escritos nos céus. (Lc. 10: 1, 17 e 20)

Contudo, além desses discípulos, sabe-se que Jesus teve outros de grande importância para a sua vida tais como José de Arimatéia, assim chamado por ser  importante comerciante de Arimatéia, cidade da Judeia. Homem rico, senador da época, era membro do Sinédrio, o colégio dos mais altos magistrados do povo judeu e que formava a suprema magistratura judaica; Nicodemus, fariseu membro do Sinédrio; o Centurião romano de Cafarnaum; Lázaro fazendeiro da Betânia e suas irmãs Marta e Maria; Maria Madalena, rica senhora judia que doou todas as suas posses para ajudar Jesus em sua vida missionária,assim como outras como Suzana, Joana e Verônica que ajudavam Maria, mãe de Jesus, nas tarefas cotidianas para cuidar de Jesus e daqueles que o seguiam, pois Jesus por onde ia era acompanhado de grande comitiva, havendo a necessidade de providenciar acomodações e refeições ao menos para aqueles que lhe eram mais próximos. Sem dúvida durante o período de um ano Jesus promoveu uma campanha nunca antes vista de divulgação de seus ensinamentos, usando toda uma estratégia de marketing que faria inveja a qualquer político da atualidade, conseguindo em sua empreitada hercúlea um sucesso nunca antes visto entre o povo judeu e nem mesmo entre os romanos, pois sua fama foi tal que chegou até aos ouvidos do imperador Tibério. 

Apesar daqueles que desejam denegrir ainda hoje a memória histórica de Jesus, lançando toda sorte de suspeitas e conspurcando sua imagem de maneira vil, nem mesmo o grande historiador Flávio Josefo deixou de lhe prestar a honra devida dando-lhe o próprio tópico em sua narrativa, com as seguintes palavras: 

“Nesse tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como um homem, tanto as suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e ele faria muitos milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome. “ (Livro XVIII, Cap. IV, 772) 

Muitos vieram de muito longe para poder seguí-lo, muitos não eram judeus e nada sabiam da história dos hebreus, nem sabiam sobre os hebreus serem o povo escolhido de Deus, ainda menos sabiam das discriminações religiosas praticadas pelos judeus contra os estrangeiros, ninguém sabia disso, pois como veremos a pregação de Jesus era Universal e não fazia distinção entre as pessoas, um fato até então inaudito. Até hoje, parece que a voz de Jesus ecoa através do tempos como se eternamente chegando até nós dizendo apenas: “Siga-me”. 

FELIZES OS QUE OUVINDO O CHAMADO, O SEGUEM. POIS, O CAMINHO DE JESUS É PERFEITO.

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

domingo, 8 de novembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 16. JESUS - A EMANAÇÃO DE DEUS

JESUS, AMOR & FÉ *


16. JESUS - A EMANAÇÃO DE DEUS


Disse Jesus falando aos príncipes dos sacerdotes do Templo e aos fariseus: "Nunca lestes as Escrituras: 'A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular (* marco inicial de uma construção): isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos (Salmo 117:22)? POR ISSO VOS DIGO: SER-VOS-Á TIRADO O REINO DE DEUS, E SERÁ DADO A UM POVO QUE PRODUZIRÁ OS FRUTOS DELE. Aquele que tropeçar nesta pedra, far-se-á em pedaços, e aquele sobre quem ela cair, será esmagado." (Mt. 21:42-44)

Em outra ocasião, Jesus estando saindo do templo, aqueles que  o acompanhavam incitaram que ele apreciasse as construções do Templo que fora reconstruído por Herodes, o Grande. Jesus, porém, respondeu-lhes: "Vêdes todos estes edifícios? Em verdade vos declaro: NÃO FICARÁ AQUI PEDRA SOBRE PEDRA; TUDO SERÁ DESTRUÍDO." (Mt. 24:1-2)

A saber, o templo de Herodes, o grande foi a terceira reconstrução do Templo. A primeira construção foi feita pelo rei Salomão, filho do rei Davi, no século XI a.C., sobre o monte Sião (ou monte Moriah, onde segundo constava Abraão teria ido para o sacrifício de Isaac). Salomão seguiu as instruções que Deus dera ao profeta Natã (II Samuel 7:1-17), para satisfazer o desejo do rei Davi de construir um palácio para que Deus habitasse em meio ao seu povo. Deus, mesmo considerando despropositada a idéia de Davi de querer conter Ele num lugar fixo, porquanto estava em toda parte (II Sam. 7;1-17), permitiu a construção de uma “casa" para Ele, mas determinou que o templo não seria erguido por Davi, mas por um de  seus filhos. Esse templo construído por Salomão foi destruído no século VI a.C. quando os babilônios invadirem Jerusalém e levaram os judeus para o cativeiro. Foi apenas em 538 a.C., após a tomada de Babilônia por Ciro, o Grande, rei da Pérsia, que os judeus  tiveram permissão para retornarem à Terra Santa, e foi-lhes permitido também que erguessem um segundo templo no mesmo local do Templo de Salomão, o qual veio a ser consagrado na primavera de 516 a.C., durante o reinado do rei Dario I, o Grande da Pérsia, que deu autonomia política-religiosa aos judeus. No século I a.C., Herodes o Grande ordenou a remodelação ao templo, obra essa  considerada por muitos judeus como uma profanação, pois só tinha como propósito agradar a César Augusto, o Imperador Romano de quem os judeus eram vassalos, e para horror dos judeus Herodes mandou construir num dos vértices da muralha do templo, a Torre Antonia, uma guarnição romana que dava acesso direto aos romanos ao interior do pátio do templo. O historiador judeu Flavio Josefo registrou que Herodes, o Grande reconstruiu o prédio do templo completamente entre 20-18 a.C, indo ao ponto de mudar as pedras de fundação para aplainar a superfície da Montanha do Templo. O Templo de Herodes foi uma das maiores projetos de Herodes, segundo ainda Flavio Josefo, Herodes tinha interesse de perpetuar seu nome com um rei tão grande quanto Davi ou Salomão apesar de sua origem edomita (*o Edom era uma região amaldiçoada pela tradição hebraica) através de grandiosas construções, e para tanto sobrecarregava o povo judeu com pesadas taxas e impostos, mas sua obra prima foi sem dúvida o Templo de Jerusalém. Assim, cumprindo inteiramente a profecia de Jesus o Templo de Herodes foi destruído em 70 d.C quando o general Tito, filho do imperador romano Vespasiano, obedecendo as ordens de seu pai foi com suas legiões sufocar a rebelião dos judeus, marcando a primeira diáspora dos judeus pela Europa, e em 135 d.C, por ordem do imperador romano Adriano, se deu a segunda diáspora, quando os judeus foram expulsos da Terra Santa. E tal como Jesus profetizou o "reino de Deus" foi dado a outro povo, e quem diria que esse povo seria justo os dos opressores dos judeus? 

O Concílio de Nicéia teve sua abertura solene no dia 20 de junho de 325. Cansado de tentar obter uma solução diplomática e mais preocupado com a união do Império do que a com união de Deus, o imperador Constantino chamou a cidade de Nicéia os bispos representantes do cristianismo nas várias regiões do vasto império romano. Foi nesse encontro que foram decididas as bases legais sobre as quais a nova religião sob o comando do imperador romano teria, cujas principais foram:

- Jesus deixou de ser classificado como um homem e passou a ser oficialmente considerado como Deus na Terra;
- O domingo passou a ser considerado o dia sagrado do descanso, -substituindo o sábado. Neste tópico é possível perceber a influência de Constantino nessa decisão, afinal, ele era um profundo devoto do deus solar Apólo. Nada mais justo do que transformar o dia do sol no dia sagrado da “sua” nova religião;
- A Páscoa também foi discutida durante o concílio e uma data oficial para a realização dos festejos foi fixada e além destas, cerca de 20 cânones de disciplina eclesiástica foram criados e passaram a ter efeito imediato sobre os membros do clero.
Foi nesse primeiro concílio que o "credo", juramento de fé de todo cristão foi definido:
“Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. Em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai. Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos. Cremos no Espírito Santo. Mas quantos àqueles que dizem: ‘existiu quando não era’ e ‘antes que nascesse não era’ e ‘foi feito do nada’, ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja Católica anatematiza.”

Em 330 d.C. a cidade de Bizâncio, assentada às margens do canal de passagem para o Mar Negro, foi renomeada com o nome de Constantinopla *(hoje Istambul, na Turquia). Em 381 d.C, lá se deu o Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, sob o comando do Imperador romano Teodósio I, de maio a junho daquele ano. Naquela época, ainda não existia a compilação de livros conhecida hoje como Bíblia, cada cidade possuía uma coletânea de textos favoritos. Como cada apóstolo partiu para regiões diferentes espalhando a palavra de Jesus, textos variados foram criados e cada grupo cristão possuía a sua própria coleção de livros sagrados.A primeira idéia de um "Livro Sagrado" para toda comunidade cristã partiu do imperador Constantino, que defendia a produção de um documento fazendo uso dos textos sagrados do cristianismo, a fim de colocar um paradeiro nas heresias e promover a unidade hegemônica da nova religião a fim de sustentar o sistema teocrático de governo do império. Essa idéia foi retomada no Concílio de Constantinopla, dando origem à Vulgata, que é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século V, por São Jerónimo, a pedido do bispo Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã e ainda é muito respeitada. Mas, para tanto, ficou estabelecido como um supremo dogma de fé, no qual o Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade, o mesmo que o Deus Pai, é o "doador da vida que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado.”

Assim, se Jesus na concepção dos judeus era apenas um "homem", no máximo um Profeta, os romanos que já tinham feito no passado no tempo de Jesus seu imperador Octaviano César, filho do Divino" (Divi Filius), dando o título de Augustus, um verdadeiro deus na terra em 42 a.C. sustentando sua condição divina até 14 d.C. por ocasião da sua morte. Portanto a concepção de um homem ser filho de um deus era por demais familiar então aceitar a Santíssima Trindade não tinha para eles nenhuma dificuldade religiosa ou moral, menos ainda elevar Jesus à dignidade de ter sido o próprio Deus Pai ("Dei Pater" ou Fevos) na terra. O que parecia não fazer nenhum sentido aos judeus, para os romanos parecia assim fazer todo o sentido. 

Como veremos, a passagem de Jesus pela Terra Santa, será realmente de tal maneira espetacular, que muitos acreditaram piamente que Jesus era realmente a emanação do próprio Deus, com sua personalidade radiante que a todos atraia como um poderoso imã e exercendo uma fascinação mais própria da concepção de um super-homem, do que de um ser humano comum. Em tudo Jesus foi heróico e caminhou sem medo sobre a terra como se essa a pertencesse e a sua coragem se revelava em cada palavra verdadeira que sai da sua boca, que tocava a todos os corações os convertendo à Deus e elevando as almas que dele se aproximavam através de sue amor, da compaixão e da sua imensa misericórdia. Em seu rosto radiante o sorriso se abria e seus olhos faiscavam de amor abundante, Jesus era sem dúvida o REI PROMETIDO, o próprio Deus revelando a sua FACE a todos que o amassem e o amam, tendo em si toda a alegria de Deus, e assim o foi e continua sendo e será por toda eternidade.

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.